quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Che

* Por Rômulo Mafra
O Jefferson convidou a mim e a outros blogueiros amigos para escrever sobre os 40 anos da morte do Che, comemorados hoje, injuriado que ficou com a matéria da Veja.

Não dei bola para a revista (nem a li); já passou o tempo em que ela era relevante. Firmemente agarrada a um nicho reaça paranóico, fala agora apenas aos convertidos. Mas não pude deixar de notar, com certo interesse, o caráter inglório de uma batalha que não pode ser vencida. Veja tentando desconstruir o Che é como os soldados australianos correndo para a morte certa em Gallipoli.

Querem fazer o quê? Convencer de que o Che era um qualquer? Que bobagem. Qualquer pessoa que tenha contato com a história do Che, com as fotos dele, com os escritos que deixou, percebe de imediato que ele era extraodinário. Um soldado e um sonhador, um teórico e um poeta. Não tenha medo de usar clichês; eles podem ser simplesmente verdadeiros.

Você pode discordar das idéias dele. Eu também discordo de algumas. Mas negar o valor de quem tem valor é muito mesquinho.

O Che viveu e morreu coerente com o que pensava. Isso não pode ser dito da quase totalidade dos chamados grandes líderes. Não se corrompeu, não oprimiu, não se acomodou. “Não teve tempo pra isso”, dirá você. Que seja. Viveu muito, morreu cedo e deixou um belo cadáver — um pouco desgrenhado e sujo, talvez. Matou gente? Quando você me mostrar algum soldado que não matou ninguém (alguém pensa nas mortes que causou o Barão Von Richtofen?), eu vou pensar na relevância desse argumento.

Talvez possa ser finalmente compreendido e estudado ao lado dos grandes revolucionários da América Latina, como Bolívar, Zapata, Sandino e Martí, quando aqueles que pensam com a cabeça na Guerra Fria já estiverem mortos.

Graças a Deus, eles morrerão um dia.

P.S.: praticamente copiado do texto de Marcus Pessoa — que autorizou tal cópia

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