* Por Diego Salmen
No dia 9 de outubro comemora-se o dia de São Dionísio. Enviado pelo Papa para criar a primeira comunidade cristã na região da Lutécia (hoje Paris, França), o santo foi morto no século III acusado de pregar o catolicismo, religão ilegal à época.
Alguns séculos mais tarde, nessa mesma data, haveria outra morte em circustâncias parecidas: em 1967, Ernesto Guevara de la Serna, o Che, foi executado friamente por militares depois de ter sido capturado na cidade de La Higuera, na Bolívia, onde liderava um grupo guerrilheiro. Ao assassiná-lo, os milicos bolivianos pensavam ter dado fim a um dos maiores propagandistas vivos da Revolução.
Mas o tiro saiu, quase que literalmente, pela culatra: a morte de Guevara fez do guerrilheiro o maior mártir do comunismo. Embora não pretendesse a santidade, Che tornar-se-ia, involuntariamente, a versão socialista contemporânea de São Dionísio.
Após a morte de Che, sua popularidade foi aumentando ano-a-ano, não sem incomodar uns e outros. A direita nunca admitiu que houvesse uma figura como El Che. Por ser humano, acertou e falhou. Por ser socialista, seus erros eram expostos e seus acertos, acobertos. Desde sua morte, as forças conservadoras vem tentando deslegitimá-lo com calúnias e difamações. Para isso vale tudo: omitir, mentir, chamá-lo de oportunista, ingênuo ou até mesmo de covarde, como fez recentemente uma grande revista brasileira.
No entanto, pouco se fala sobre os motivos que fizeram do guerrilheiro um herói. É difícil chamar de assassino um homem que, em pleno combate, prestava auxílio médico a seus inimigos. É no mínimo improvável que seja oportunista um homem que largou uma vida cômoda como médico para ser guerrilheiro na selva. É impossível qualificar de covarde um homem que, depois de fazer a Revolução e virar ministro, abdicou de suas funções no governo e foi, de peito aberto, para a luta armada na África e América Latina.
O desapego ao poder, o idealismo e o senso de justiça são algumas razões pelas quais Che Guevara tornou-se ícone de gerações de jovens em busca de um mundo melhor. Pode-se espernear à vontade; alguns, inclusive, podem achar a imagem de Che surrada, “clichê”, talvez pela sua presença em camisetas e produtos diversos pelo mundo afora.
Nada disso, no entanto, invalida o extraordinário humanismo deste que foi o mais dedicado dos lutadores do século XX. “Procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário". Belíssimo, camarada. Belíssimo.
Mais do que isso: sua postura diante do mundo é um dos maiores legados que a experiência socialista deixou à humanidade. Che analisou escrupulosamente a realidade, mas sem deixar de lado seu ideal. Acreditou no sonho que, no final das contas, é o sonho de todos nós. Foi a fundo na prática revolucionária, sem contudo deixar a teoria de lado. Não delineou fronteiras; a liberdade humana foi sua Pátria. São Dionísio não faria melhor.
Alguns séculos mais tarde, nessa mesma data, haveria outra morte em circustâncias parecidas: em 1967, Ernesto Guevara de la Serna, o Che, foi executado friamente por militares depois de ter sido capturado na cidade de La Higuera, na Bolívia, onde liderava um grupo guerrilheiro. Ao assassiná-lo, os milicos bolivianos pensavam ter dado fim a um dos maiores propagandistas vivos da Revolução.
Mas o tiro saiu, quase que literalmente, pela culatra: a morte de Guevara fez do guerrilheiro o maior mártir do comunismo. Embora não pretendesse a santidade, Che tornar-se-ia, involuntariamente, a versão socialista contemporânea de São Dionísio.
Após a morte de Che, sua popularidade foi aumentando ano-a-ano, não sem incomodar uns e outros. A direita nunca admitiu que houvesse uma figura como El Che. Por ser humano, acertou e falhou. Por ser socialista, seus erros eram expostos e seus acertos, acobertos. Desde sua morte, as forças conservadoras vem tentando deslegitimá-lo com calúnias e difamações. Para isso vale tudo: omitir, mentir, chamá-lo de oportunista, ingênuo ou até mesmo de covarde, como fez recentemente uma grande revista brasileira.
No entanto, pouco se fala sobre os motivos que fizeram do guerrilheiro um herói. É difícil chamar de assassino um homem que, em pleno combate, prestava auxílio médico a seus inimigos. É no mínimo improvável que seja oportunista um homem que largou uma vida cômoda como médico para ser guerrilheiro na selva. É impossível qualificar de covarde um homem que, depois de fazer a Revolução e virar ministro, abdicou de suas funções no governo e foi, de peito aberto, para a luta armada na África e América Latina.
O desapego ao poder, o idealismo e o senso de justiça são algumas razões pelas quais Che Guevara tornou-se ícone de gerações de jovens em busca de um mundo melhor. Pode-se espernear à vontade; alguns, inclusive, podem achar a imagem de Che surrada, “clichê”, talvez pela sua presença em camisetas e produtos diversos pelo mundo afora.
Nada disso, no entanto, invalida o extraordinário humanismo deste que foi o mais dedicado dos lutadores do século XX. “Procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário". Belíssimo, camarada. Belíssimo.
Mais do que isso: sua postura diante do mundo é um dos maiores legados que a experiência socialista deixou à humanidade. Che analisou escrupulosamente a realidade, mas sem deixar de lado seu ideal. Acreditou no sonho que, no final das contas, é o sonho de todos nós. Foi a fundo na prática revolucionária, sem contudo deixar a teoria de lado. Não delineou fronteiras; a liberdade humana foi sua Pátria. São Dionísio não faria melhor.
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